segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Eike Batista, o "Dono do Rio" ?

Não obstante as benemerências praticadas em favor da Cidade do Rio de Janeiro, há de se ponderar que o amigo Eike Batista não é o “dono” do Rio. Se até os morros deixaram de ter “donos”, não será a Cidade Maravilhosa agora adonada. 

A efetiva cidadania é quando o contribuinte tem como referência um transparente Estado Democrático de Direito. Louvemos e agradecemos as boas contribuições que são dadas ao Rio pelo Eike Batista. Mas o prefeito e o governador também têm que ouvir o povo, a sociedade civil.

Concordamos com o ponto de vista, já publicamente manifestado, de que a ideia de aproximar a beleza da Marina da Glória com o Hotel Glória é boa, mas isso não autoriza o amigo Eike Batista a promover estragos no belo Parque do Flamengo.

Como muito bem apontado pelo jornalista Elio Gaspari, a EBX não quer vitalizar a Marina, e sim ali construir um centro de eventos cuja edificação atingirá a altura equivalente a um prédio de 5 andares. 

Um calombo a ser posto no belo Parque, a partir de projeto arquitetônico concebido pelo escritório do ex-candidato a vice-presidente da República, Sr. Índio da Costa.

Mais: o estacionamento subterrâneo para 1500 carros em uma Marina, lugar aterrado, previsto no projeto, é algo que se nos apresenta maroto. Estacionamento flutuante?

Para a realização dos eventos que ocorrem atualmente na Marina, concedida ao Eike Batista, são invadidos espaços públicos para estacionamento. Uma bela, arborizada e bucólica praça, ao lado da Marina, hoje desfigurada e descaracterizada, está entregue à EBX para estacionamento, através de um artifício da Prefeitura chamado de Termo de Cessão de Uso.

Será este o artifício pelo qual perderemos a praça?. É uma praça integrante do Parque tombado. Ora! Um naco do Parque ontem de madrugada, um naco do Parque hoje a noite, vamos acordar no movimento dos sem-lazer, pois logo o Parque estará todo privatizado.
Como informa o jornalista Elio Gaspari em sua coluna, o IPHAN teria aprovado à EBX um “projeto conceitual” inexistente. 

O Ministério Público pediu a ata de aprovação do tal “projeto conceitual” e ainda não obteve resposta do IPHAN.

Informa a coluna, como um dado emblemático, o fato de que quem vendeu a concessão da Marina à EBX perdeu uma ação na justiça federal cuja sentença decretou ser o Parque área “não edificável.” O processo foi remetido para Brasília. O processo e o caminhão que o conduzia sumiram. Nunca chegaram a Brasília. Até hoje.

A coluna do jornalista Elio Gaspari, domingo, 11/12/11, é quase um manifesto em favor da total preservação do Parque do Flamengo e lembra-nos de tentativas anteriores de descaracterizar e desfigurar o Parque e dele tirar a função de ser uma extensa e democrática área de lazer à frente de bairros tipicamente residenciais. Bairros-dormitórios. 

Todas as tentativas foram frustradas. O Parque é parque com sua variada e pródiga vegetação em harmonia com seu aspecto bucólico e que assim proporciona bom lazer ao ar livre, democraticamente. E assim dever ser mantido por toda a eternidade. Que mais essa tentativa seja frustrada. A Natureza agradece. Com todo respeito ao amigo Eike.

Conselho Comunitário da Glória.